terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Dirija! (?)

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- ... mãe, é o último churrasco da república, além do que, terça a Mô vai embora, não sei quando vamos nos ver de novo... Você vem mesmo, mãe? Podemos esperar?
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- Vou sim, filha; não quero perder a despedida de vocês, pode esperar.
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- Que bom, mãe, não seria a mesma coisa sem você aqui!
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Choramos.
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E então elas chegaram, no último minuto do sábado à noite, disseram que viriam só domingo de manhã, mas não resistiram, saíram antes e me fizeram surpresa; ótima surpresa (embora já tenhamos 'levemente discutido' nos primeiros minutos; normal). Além dos cinco moradores da casa, agora tínhamos a mãe, a irmã e Sé, o amigo.
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No domingo houve o churrasco planejado, só entre nós; apenas nós. Não havia clima de despedida no ar, era recomeço. Pairava a esperança de que ali começávamos algo novo; encerrávamos algo velho, para que viesse o novo. Era festa, nossa festa de libertação.
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Sorrimos.
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Na segunda, tivemos o 'jantar de despedida', com todos os amigos que pudemos reunir, estávamos em 13 pessoas. Conversamos, brincamos, brindamos, comemos, casa cheia para a conclusão. De novo, era festa; nossa festa de comprovação.
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Rimos.
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E na manhã seguinte eu dirigia, naquele que, pra mim, era o silêncio mais mordaz nos últimos dias. "Enfim é isso, acabou? Não. Lembre-se: é recomeço, você mesma disse; controle-se, não chore, respire fundo. Dirija!". O meu silêncio permaneceu enquanto caminhamos até a plataforma de embarque, e o fato dos outros rirem e conversarem parecia-me um insulto. Como podem rir num momento desses? Que disparate! Bagagens guardadas; abraçou um, depois a outra, resmungou palavras. Calou-se e me abraçou. Fim de festa.
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Chorei.
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Como há muito não acontecia, lamuriosa, como amiga que ama.
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Algumas horas depois, no mesmo dia, despedia-me delas, mãe e Bi, com bem menos tristeza (uma tristeza semelhante deu-se há quatro anos, ao sair de casa) porém com pesar também, despedi-me.
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Num minuto casa cheia, no outro riso vazio.
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♪ Musicalité:
"Enquanto houver você do outro lado,
aqui do outro eu consigo me orientar..."
(O Anjo Mais Velho - O Teatro Mágico)

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